Cinema: Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo

Antes tarde do que nunca, Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo chega dez anos depois do filme original, trazendo fôlego novo e muitas canções para entregar um dos filmes mais divertidos de 2018.

O filme se passa um ano após a morte de Donna (Meryl Streep) e sua filha Sophie (Amanda Seyfried) resolve reinaugurar o hotel da mãe, agora reformado. Assim ela convida os seus três “pais” Harry (Colin Firth), Sam (Pierce Brosnan) e Bill (Stellan Skarsgard) e as amigas da mãe, Rosie (Julie Walters) e Tanya (Christine Baranski). O reencontro trás de volta memórias sobre a juventude de Donna (Lily James), no fim dos anos 70, quando ela chega à Grécia.

Para esta sequência temos uma mudança na direção, sai Phyllida Lloyd e entra Ol Parker, que inclusive assina o roteiro também. Roteiro aliás que passeia muito por pontos que nós já conhecemos de ouvir falar no primeiro filme, mas que agora temos a oportunidade de ver, com as cenas retratando o passado de Donna.

Um dos acertos do filme é a narrativa alternar o passado e o presente dos personagens. Logo no início, lamentamos saber que Donna faleceu, o que deixa as suas cenas no passado com um sentimento de nostalgia. São lembranças gostosas de assistir e de ouvir. Contudo, colocar no papel trazer o passado de Donna à mostra pode conflitar em uma ou duas coisinhas diferentes do que foi mencionado no primeiro filme, mas nada que prejudique este belo filme.

O grande destaque do filme vai para Lily James. Uma das melhores atrizes que surgiu nos últimos anos, ela tinha a difícil tarefa de ser a protagonista de uma história que a sua antecessora foi nada mais, nada menos que Meryl Streep. E Lily segura o filme muito bem. Carismática e esbanjando simpatia, ela caiu muito bem no papel. Durante as gravações, a atriz até descobriu ser uma parente distante de Meryl Streep. Então já sabemos de onde vem tanta simpatia e competência.

Amanda Seyfried segura bem às pontas como filha que tenta realizar o sonho da mãe. A atriz vai muito bem também na parte musical, assim como fez no primeiro filme e em Os Miseráveis. Uma das coisas mais bacanas de se ver é Pierce Brosnan, Stellan Skarsgard e Colin Firth se divertindo em tela. É nítida essa impressão que os atores demonstram ao dançar e cantar. Vale ressaltar também a escolha do elenco jovem, que além de serem parecidos demais fisicamente com seus personagens mais velhos, conseguiram absorver as características de cada personagem. Destaque para Hugh Skinner, Josh Dylan e Jeremy Irvine que dão vida as versões mais novas dos três pais de Sophie e de Alexa Davies e Jessica Keenan Wynn que interpretam as amigas de Donna, mais jovens. O filme ainda conta com uma participação incrível de Cher.

A fotografia envolvendo as paisagens gregas e as canções do Abba embalam a história que chega ao clímax quando a canção título, Mamma Mia, é executada e pela cena final que é incrível ao reunir todo o elenco do filme em um número musical lindo.

Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo é um longa para você sorrir, se alegrar, se emocionar e ao final sair cantando Mamma Mia. Impossível você não entrar no espirito do filme.

Mamma Mia! Here We Go Again, 2018. Direção: Ol Parker. Com: Amanda Seyfried, Lily James, Andy Garcia, Julie Walters, Christine Baranski, Pierce Brosnan, Stellan Skarsgard, Colin Firth, Alexa Davies, Jessica Keenan Wynn, Hugh Skinner, Josh Dylan, Jeremy Irvine, Cher, Meryl Streep. 114 Min. Musical.

Cinema: Megatubarão

Filmes de tubarão não são novidades no mundo do cinema. Temos o clássico de Steven Spielberg, Tubarão, de 1975 e que sobrevive até hoje; temos também o pouco conhecido Mar Aberto de 2003, em que um casal fica à deriva no mar depois de um passeio de barco; e temos também os absurdos da “franquia” Sharknado. Alguns sérios, outros optam pela galhofa, geralmente assim são tratados os filmes sobre tubarão. E é exatamente aí onde ocorre o maior problema de Megatubarão.

No filme, uma tripulação de um submarino fica presa no fundo do Oceano Pacífico após ser atacada por uma criatura pré-histórica (que se achava que estava extinta), um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o Megalodon. Para salvá-los, é contratado Jonas Taylor (Jason Statham), um mergulhador que é especializado em resgates em águas profundas e que já chegou a encontrar o temido Megalodon.

Dirigido por Jon Turteltaub, o principal erro do filme são as escolhas equivocadas do roteiro, escrito a três mãos (Dean Georgaris, Jon Hoeber e Erich Hoeber). Megatubarão parece perdido em um labirinto que não sabe qual caminho tomar. Na primeira metade, o filme se leva a sério. Com ares de ficção científica o longa tem aquele ar de mistério, mostrando pouco o tubarão e realmente dando a impressão de que iremos ver coisas palpáveis em tela. Porém, na segunda metade o jogo vira, e o filme vai para o lado da galhofa, mesmo que não completamente, mas vai.

Isso de não se decidir, afunda (não resisti ao trocadilho) todo o filme. Se você optar por um filme sério, você pode entregar um filme interessante, com questões que façam sentido à história. Se você optar pela comédia, galhofa, reconhecer que você está fazendo um filme ruim, isso pode se tornar divertido. Pra que exemplo melhor do que Piranhas 3D, que não se leva a sério em momento algum, o filme é um absurdo atrás do outro, mas você se diverte muito devido as situações colocadas em cena. Aqui, Megatubarão falha ao não se decidir entre ser sério, ou ser comédia, e outra, colocar Jason Statham para falar frases filosóficas se torna brega. Chega a ser tosco o Statham, um brucutu daqueles, falando esse tipo de frase.

Esses não são os únicos erros do roteiro, entre as pessoas que Statham precisa salvar no fundo do mar, uma delas é a sua ex-mulher. Porém essa relação não é bem desenvolvida. Um interesse amoroso é criado com a personagem Suyin (Bingbing Li), porém muito mal aproveitado, sem falar que a atriz não tem química alguma com Jason Statham… Voltando para as pessoas presas no fundo do mar, uma delas escreve uma carta para a esposa, caso ele não saia com vida. Ele morre, e a carta não é entregue. O filme é assim, se perde em muita coisa desnecessária.

Nas sequências de ação, Jason Statham convence como aquele cara que pode derrotar uma aberração dessas, afinal de contas, os outros filmes da carreira do ator o transformou nesse cara bad-ass. É legal ver em tela Rainn Wilson, o Dwight de The Office, por mais que seu personagem aqui seja caricato demais, como muitos outros personagens no filme. Tem até personagem que não faz sentido algum existir, como a personagem de Ruby Rose.

Megatubarão até diverte um pouco, mas, ao final, a única coisa que fica na lembrança são os absurdos (de coisas erradas) que vimos na tela.

The Meg, 2018. Direção: Jon Turteltaub. Com: Jason Statham, Bingbing Li, Rainn Wilson, Cliff Curtis, Winston Chao, Shuya Sophia Cai, Ruby Rose, Page Kennedy, Masi Oka. 113 Min. Ação.

Cinema: Missão: Impossível – Efeito Fallout

Tom Cruise está mais uma vez de volta na pele do incansável agente Ethan Hunt. Pela primeira vez, a franquia tem uma sequência realmente direta, ligada ao último filme Missão: Impossível – Nação Secreta, já que o vilão Solomon Lane (Sean Harris) está de volta para atormentar Ethan em mais um filme eletrizante desta franquia espetacular.

Nesta nova empreitada, Ethan Hunt é obrigado a unir forças com o agente especial da CIA August Walker (Henry Cavill). Ethan tem mais uma vez Solomon Lane como vilão, além de ser atormentado por decisões do passado que retornam para assombrá-lo. Enquanto ele tenta resolver as questões a cerca de seus sentimentos, ele conta com a ajuda de seus leais companheiros para impedir que uma imensa explosão aconteça.

Além de ser a primeira sequência direta relacionada ao último filme, também temos pela primeira vez a volta de um diretor. Christopher McQuarrie, diretor de Missão: Impossível – Nação Secreta, está de volta trazendo todos os ingredientes para um grandioso filme. A repetição na direção fez bem ao longa, pois McQuarrie dirige como ninguém sequências de ação com aquele toque de mistério, o que nos leva a ficar na ponta da cadeira com o que a franquia Missão: Impossível é capaz de nos proporcionar.

Um dos grandes feitos da franquia alcançar tanta qualidade em suas produções, é o fato do nosso protagonista realizar as suas sequências de ação. O fato de ver Tom Cruise pendurado em um helicóptero, ou realizando uma perseguição automobilística, correndo ou pilotando um helicóptero (Sim! Ele aprendeu a pilotar um helicóptero para realizar a sequência final do filme!), isso dá vida ao filme. Inclusive a sequência que ele se joga de um prédio para o outro e quebra o pé, o que deixou as filmagens paradas por um tempo, está mantida na edição final do filme. Com pouquíssimo fundo verde utilizado, a franquia Missão: Impossível é a prova de que é possível realizar um filme de ação inteligente, e olha que já estamos no sexto filme de uma franquia que melhora a cada filme.

Enquanto Tom Cruise está ótimo (como sempre) na pele de Ethan Hunt, Missão: Impossível – Efeito Fallout aproveita para dar força a Ilsa Faust, a personagem de Rebecca Fergusson. Retornando do longa anterior, Rebecca entrega a personagem feminina mais forte e carismática de toda a franquia Missão: Impossível. Suas cenas de ação são ótimas, e a química com Cruise é impressionante. Henry Cavill entrega um oponente a altura do nosso protagonista e ambos são responsáveis por sequências incríveis no longa todo. Cavill também foi uma ótima escolha para o papel. Alec Baldwin, Ving Rhames e Simon Pegg estão de volta ao elenco, que ainda conta com Michelle Monaghan, que interpreta a esposa de Ethan Hunt, e que não a víamos desde os eventos de Missão: Impossível – Protocolo Fantasma. Quem acabou não retornando foi Jeremy Renner que tinha participado dos dois últimos filmes, mas seu personagem não fez falta a esta história.

Com uma trilha sonora incrível e uma fotografia de encher os olhos, Missão: Impossível – Efeito Fallout aumenta ainda mais o fôlego desta espetacular franquia que melhora a cada filme. Agora só podemos esperar para que Ethan Hunt retorne para mais uma espetacular aventura.

Mission: Impossible – Fallout, 2018. Direção: Christopher McQuarrie. Com: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Fergusson, Sean Harris, Angela Bassett, Vanessa Kirby, Michelle Monaghan, Wes Bentley, Alec Baldwin. 147 Min. Ação.

Cinema: Homem-Formiga e a Vespa

Homem-Formiga teve a sua primeira aventura em 2015, e apresentou ao mundo este minúsculo e desconhecido herói, que logo depois foi visto em Capitão América: Guerra Civil. Nesta segunda empreitada nos cinemas, o herói ganha uma parceira e um elemento, que será muito importante no universo cinematográfico da Marvel, é apresentado.

O filme começa com Scott Lang (Paul Rudd) cumprindo dois anos de prisão domiciliar, por ter participado dos eventos de Capitão América: Guerra Civil e assim, quebrado o Tratado de Sokovia. Assim, ele fica dois anos afastados da vida de herói. Faltando três dias para sua pena ser cumprida, ele tem um sonho com Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) que há 30 anos desapareceu no mundo quântico quando praticou um ato de heroísmo. Ele procura o dr. Hank Pym (Michael Douglas) e sua filha Hope (Evangeline Lilly), e assim eles planejam construir um túnel quântico com o objetivo de resgatar Janet.

O roteiro do filme é simples, até demais. Existem problemas na história, mas acaba sendo um filme divertido. Para aqueles fãs que esperavam que Homem-Formiga e a Vespa fossem dar respostas acerca dos eventos de Vingadores: Guerra Infinita, o filme será frustrante. O único indício que o filme da mesmo é a utilização do mundo quântico, assunto que já tinha mencionado no primeiro Homem-Formiga, mas que aqui se torna algo palpável de entendimento. Para quem não acompanha os quadrinhos, o filme é importante porque ele mostra o mundo quântico, como ele funciona e nos da uma dimensão do que pode acontecer no futuro das aventuras da Marvel.

Um dos grandes problemas do filme são os vilões. Podemos dizer que temos dois. Um vilão com mais cara de quadrinhos, que é a Fantasma (Hannah John-Kamen) e outro mais interessado em dinheiro, Sonny Burch (Walton Goggins). Os vilões são problemas porque não são bem desenvolvidos em tela. A Fantasma talvez não seja nem considerada vilã, já que o que ela quer é apenas resolver sua situação, e para isso ela vai em busca e faz qualquer coisa para conseguir, mas o interesse dela é único e exclusivo nela mesma. Já Sonny, é muito mal aproveitado, hora aparece em tela, hora some da tela.

Paul Rudd continua com o carisma de sempre e entrega uma versão do herói até mais a vontade no personagem. Seu talento versátil é apreciado em uma cena onde ele incorpora Janet em seu corpo por breves minutos, mas que é suficiente para nos lembrar de Jim Carrey no auge da sua carreira. Evangeline Lilly está perfeita como Vespa. Quem acompanhou LOST, sabe que a atriz não despensa uma cena de ação, e aqui ela é a melhor coisa do filme. O alívio cômico do filme continua com os amigos de Scott Lang encabeçados por Michael Peña. As piadas funcionam como no primeiro filme. Abby Ryder Fortson continua linda e encantadora como a adorável Cassie, filha de Scott. Laurence Fishburne, Michael Douglas e Michelle Pfeiffer completam o elenco.

O filme possui duas cenas pós-créditos. A primeira vai deixar louco quem viu Vingadores: Guerra Infinita, pois se você queria respostas, vai ficar é com mais perguntas. E a segunda é engraçadinha, mas sem importância alguma. Mas ao mostrar o mundo quântico, Homem-Formiga e a Vespa mostra o caminho que a Marvel deve tomar e nos fazem formular teorias do que pode acontecer. No mundo quântico você acessa outras dimensões. Uma dessas dimensões pode ser a da joia da alma, lugar para onde (na teoria) foram todas as almas arrebatas por Thanos no estalar de dedos, entre eles Pantera-Negra, Homem-Aranha e Dr. Estranho, entre muitos outros. O mundo quântico pode ser a solução dos eventos de Vingadores: Guerra Infinita. É esperar para ver.

Ant-Man and the Wasp, 2018. Direção: Peyton Reed. Com: Paul Rudd, Evangeline Lilly, Michael Peña, Walton Goggins, Bobby Cannavale, Judy Greer, T.I., David Dastmalchian, Hannah John-Kamen, Abby Ryder Fortson, Michelle Pfeiffer, Laurence Fishburne, Michael Douglas.

Cinema: Os Incríveis 2

Os Incríveis chegou aos cinemas em 2004 trazendo uma história divertida, sem ser profundamente emocional, como outros filmes da Pixar. Esta sequência que estreia 14 anos depois, entrega mais uma vez uma aventura divertida, que está cada vez mais direcionada aos adultos, devido a pontos importantes que o roteiro resolve destacar.

Na trama, Helena Pêra é convidada a voltar a combater o crime como a heroína Mulher-Elástica, assim, o seu marido Roberto terá que cuidar das crianças, principalmente do bebê Zezé. Com isso, Roberto descobre que Zezé também tem super poderes.

O roteiro de Os Incríveis 2 não apresenta nada de novo se comparado ao do primeiro filme. Na verdade, o que temos aqui é uma inversão do que vimos na primeira aventura da família de heróis. Nesta segunda aventura, o filme começa exatamente do mesmo ponto que o primeiro terminou. Temos de volta os mesmos problemas dos heróis, que precisam viver vidas normais, essas coisas. A diferença aqui é que agora a Mulher-Elástica é quem vai para a luta, enquanto no primeiro filme ela cuidava das crianças. E o Senhor Incrível que ia para a ação no primeiro filme, nesse fica responsável pelas crianças.

Dirigido e roteirizado por Brad Bird, o roteiro é muito inteligente ao aproveitar todo o momento que a mulher passa no mundo, o empoderamento feminino, e colocar a maior parte de ação do filme, a Mulher-Elástica. Assim, o roteiro vai seguindo duas tramas, a da ação com a heroína e a da rotina de cuidar dos filhos, com o Senhor Incrível. E é aí que mora a grande mensagem do filme, seja cuidar dos filhos, seja salvar o mundo, ambos dão muito trabalho e precisam de muita dedicação. Esse paralelo feito, é fantástico. Você ver um personagem tão forte como o Senhor Incrível acostumado a combater vilões e outras tantas coisas, achar tão complicado as tarefas de casa, como cuidar do bebê, ensinar o filho a matéria do colégio, conversar com a filha, enfim. Os Incríveis 2 é uma homenagem a todas as mães do mundo.

A apresentação do vilão é rasa, por mais que boa parte da história nos leve a pensar que o vilão será outra pessoa, pode pegar de surpresa algumas pessoas quando o verdadeiro vilão for revelado, mas assim como no primeiro filme, é feita de maneira muito simples. Não que isso estrague o filme, só é um probleminha do roteiro. Os Incríveis sempre foram recheados de clichês das outras histórias de heróis, e, diga-se de passagem, clichês muito bem utilizados. Falta só acertar a mão e encaixar um vilão mais elaborado, quem sabe em uma terceira aventura.

A qualidade da animação da Pixar continua cada vez mais absurda. Dizem que para você ver a qualidade de uma animação, você precisa ver cenas com água. Aqui tem cenas com água, e é impressionante a qualidade. Se você fez que nem esse que vos escreve, e reviu o primeiro antes de ir ver essa sequência, fica mais visível ainda o salto de qualidade técnica do filme. Esses 14 anos fizeram muito bem a família Pêra.

Com uma trilha recheada de ação e uma montagem que deixa o filme gostoso de assistir, Os Incríveis 2 vai agradar a todos que esperaram longos 14 anos para ver a família de heróis reunidos novamente.

Incredibles 2, 2018. Direção: Brad Bird. Com as vozes originais de: Craig T. Nelson. Holly Hunter, Sarah Vowell, Huck Milner, Catherine Keener, Bob Odenkirk, Samuel L. Jackson, Sophia Bush, Brad Bird, Isabella Rossellini. 118 Min. Animação.

Cinema: Hereditário

Impossível sair da sessão de Hereditário sem estar incomodado com tudo o que foi mostrado na tela. O filme escrito e dirigido pelo estreante Ari Aster é uma grande surpresa do gênero terror, do qual vem apresentando ótimos filmes nos últimos anos, e que em Hereditário alcança o melhor do gênero em décadas, na minha humilde opinião.

Hereditário conta a história da família Graham que, após a morte da reclusa e misteriosa avó, começam a desvendar algumas coisas. Mesmo após a morte, a avó permanece como uma sombra sobre a família, especialmente sobre a neta, Charlie, por quem ela sempre demonstrou um afeto.

A grande sacada de Ari Aster é apostar em um visual bastante interessante e uma narrativa envolvente para criar algo intrigante e original. O diretor e roteirista deixa de lado os sustos que tanto vemos em filmes de um gênero bastante desgastado. A música alta para indicar que algo está para acontecer, aqui não aparece. E monstros ou entidades fantasmagóricas também não dão as caras. Aqui os “vilões” são a própria família, o que nos leva a uma narrativa que praticamente nos deixa em um labirinto, tentando desvendar tudo o que acontece.

O roteiro nos leva a pensar muito, o que é raro para um filme de terror. Uma das coisas que mais nos deixa intrigados é se tudo o que estamos vendo é algo sobrenatural ou tudo acontece devido a uma mente perturbada em decorrência do luto. Você se questiona devido aos atos da mãe, Annie, tanto no seu passado como no presente. E tudo isso faz com que o público projete seus medos sobre o que a história está contando, o que é um mérito enorme para o roteiro de Ari Aster.

Uma das coisas mais interessantes no filme são as miniaturas criadas por Annie. A reconstrução nas suas criações do que a atormenta, acaba sendo um pouco poético, além de ser perturbador também. As miniaturas também podem ser um indicador do diretor de que elas são manipuláveis, de que os personagens fazem parte de algo maior ao redor deles, ou seja, que existe algo que controla tudo aquilo. Essa conexão pode ser feita ao final do filme, quando temos sua resolução.

Toni Collette foi a escolha perfeita para interpretar Annie. Em uma atuação inspirada, que surge devido a coisas tão comuns como a perda de um ente querido ou a um sonambulismo, entrega uma personagem fraca psicologicamente devido a todos os seus traumas. Suas caras e bocas nos fazem lembrar de Kathy Bates em Louca Obsessão, e sua Annie Wilkes, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz. A atuação de Toni Collette é tão soberba que a atriz merecia uma indicação ao Oscar. O elenco ainda conta com Gabriel Byrne, Alex Wolff e a misteriosa Milly Shapiro.

Elogiado pelos críticos americanos, e ganhando comparações com os grandes clássicos como O Exorcista e O Iluminado, a história de Hereditário nos lembra um pouco O Bebê de Rosemary. A qualidade do longa é enorme e com certeza Hereditário será muito lembrado nos próximos anos e se tornará um dos clássicos do cinema.

A maioria dos filmes de terror cai no esquecimento por apostar no fator susto. Hereditário vai por outro caminho e cria uma experiência que provoca e deixa o espectador desconfortável. É um filme para você sair e discutir por muito tempo depois da sessão. Hereditário é obrigatório.

Hereditary, 2018. Direção: Ari Aster. Com: Toni Collette, Gabriel Byrne, Alex Wolff, Milly Shapiro, Ann Dowd, Mallory Bechtel. 127 Min. Terror.

Cinema: Sícário – Dia do Soldado

Sicário: Terra de Ninguém que estreou nos cinemas em 2015 foi o responsável por mostrar ao mundo o talento do diretor Denis Villeneuve. Com um estilo bem dinâmico de direção, o diretor entregou um filme com uma ação visceral bem realista. Ele resolveu todas as lacunas de sua história, o que nos deixa surpresos com essa continuação que agora conta com o italiano Stefano Sollima na direção.

Sicário: Dia do Soldado mostra o oficial da CIA Matt Graver (Josh Brolin) voltando a chamar o seu homem de confiança Alejandro Gillick (Benicio Del Toro) para sequestrar a filha de um barão das drogas mexicano. Nessa nova história, os cartéis são considerados como células terroristas e o objetivo da missão do governo é fazer uma guerra entre os cartéis rivais.

O primeiro filme Sicário: Terra de Ninguém não deixou nenhum espaço para uma possível sequência, tanto que a personagem Kate Macer (Emily Blunt) nem é citada em Sicário: Dia do Soldado. Essa não ligação entre os filmes é de certo ponto positiva, pois não é necessariamente obrigatório você assistir Terra de Ninguém para acompanhar o que é mostrado em Dia do Soldado. Ambos os filmes funcionam bem separadamente. O interessante de ver o primeiro antes, é apenas para conhecer os personagens Matt Graver e Alejandro Gillick e saber como eles são e qual a personalidade deles, esse tipo de coisa.

O roteiro dos dois filmes é assinado por Taylor Sheridan, e nesta continuação a história é mais fácil de ser absorvida, de fácil compreensão. Enquanto no primeiro acompanhávamos os acontecimentos pelos olhos da personagem de Emily Blunt, que estava presente em uma trama de manipulação e que aos poucos ia descobrindo o real sentido dela estar ali, nessa continuação tudo o que acontece é digerido de maneira mais fácil, quase que didaticamente.

História de mais fácil entendimento e cenas mais violentas. Apesar do enredo envolver estado islâmico e cartéis de drogas mexicanos, a história é de fácil assimilação. Nesse segundo longa, a violência é mais brutal. A cena de um homem explodindo em um supermercado causa espanto devido ao realismo aplicado. E o que falar da cena onde Alejandro se revira no chão após levar um tiro? Perfeita. Toda essa violência tem um charme graças ao clima desértico que o filme tem, que já era visto no primeiro, mas aqui é muito mais utilizado. O que deixa a fotografia do filme excelente, aproveitando-se desse cenário isolado.

Um ponto negativo que esta sequência tem em relação à anterior é o roteiro que não aprofunda em nenhum personagem a ponto de ter uma transformação. Enquanto no primeiro acompanhamos claramente uma transformação na personagem de Emily Blunt, inclusive devido a excelente atuação da atriz, nessa sequência o roteiro é mais “passivo” e não aprofunda em ninguém.

Enquanto Josh Brolin e Benicio Del Toro continuam ótimos em seus personagens, destaco aqui a jovem Isabela Moner, que interpreta Isabel Reyes, a filha de um traficante. A jovem de 16 anos, bastante expressiva em seu olhar, entrega uma atuação segura, apesar de muito jovem e de estar atuando ao lado de grandes nomes. Um nome para ficarmos de olho no futuro.

Apesar de não ser necessária, esta sequência se mostra bastante positiva em termos de ação. Agora se especula uma terceira parte na qual a personagem de Emily Blunt retornaria. Plot interessante, tendo em vista as transformações sofridas pela personagem. É esperar para ver.

Sicario: Day of the Soldado, 2018. Direção: Stefano Sollima. Com: Benicio Del Toro, Josh Brolin, Isabela Moner, Jeffrey Donovan, Catherine Keener, Manuel Garcia-Rulfo. 122 Min. Ação.

Cinema: Jurassic World – Reino Ameaçado

Em 2015 o mundo jurássico retornou aos cinemas com Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros. O papel de trazer nostalgia para os mais antigos e apresentar este mundo para a nova geração, foi bem feito pelo diretor Colin Trevorrow, que entregou um longa repleto de ação. Nessa nova aventura, Trevorrow assume a cadeira de roteirista e passa para a de direção para J. A. Bayona (O Impossível).

Jurassic World: Reino Ameaçado se passa três anos após o fechamento do Jurassic Park, em que um vulcão está prestes a entrar em erupção e acabar com todos os dinossauros. E o debate que fica é: os dinossauros que lá vivem, devem ser salvos ou precisam cumprir sua sina e morrerem quando o vulcão acordar?

O roteiro em si não apresenta nada de muito novo, fora o fato de um vulcão entrar em erupção. No mais, temos a mesma estrutura de personagens dos outros filmes, dinossauros mudados geneticamente, pessoas poderosas querendo lucrar com isso, tudo isso sem se esquecer de entregar mais nostalgia e sempre homenagear o clássico da década de 90.

O diretor J. A. Bayona consegue entregar um mix de ótimas cenas. Algumas delas bastante tensas, na verdade. Uma dessas cenas, que acontece num quarto de uma criança, é uma referência a outro clássico do cinema, Alien. O diretor trabalha muito bem cenas onde podemos apreciar o fascínio pelos dinossauros, apreciarmos a sua estrutura e camadas, afinal de contas, eles são os verdadeiros protagonistas dessa franquia clássica. Cenas bem construídas, como a de um dinossauro morrendo devido à lava do vulcão, conseguem comover, por mais que esse não seja o real sentido do filme. Outra cena bem legal, por mais que seja curta, é no final quando um leão e o T-Rex rugem frente a frente. Aquela cena nos da uma dimensão de tanta coisa, se pararmos pra pensar. Particularmente, eu achei uma das melhores.

Os personagens Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) retornam para esta sequência, e é justamente neles que acontecem um dos poucos problemas do filme (e da franquia). No filme de 2015, foi insinuado um possível par romântico para a dupla, porém, pareceu forçado. A mesma coisa acontece neste novo filme, em que ficamos sabendo (rapidamente) que eles tentaram se envolver, não deram certo e cada um foi para o seu lado. Para lá no final do filme, uma cena forçada de beijo com os dois. A impressão que dá, é que é “só pra ter” a cena de beijo. O “romance” dos dois não é bem trabalhado em nenhum dos dois filmes, não é aprofundado. E sendo assim, fica difícil comprarmos um romance que não é bem desenvolvido em tela. Chris Pratt e Bryce Dallas Howard estão ótimos e funcionam muito bem juntos, como dupla. Mas como par amoroso, ficam forçados na tela.

J. A. Bayona aproveita para referenciar e “brincar” com o anterior. Ao apresentar a personagem Claire, o diretor começa mostrando o salto com que está calçada e vai subindo até mostrar o seu rosto. Vale lembrar que em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, Claire foi o alvo de uma polêmica cena, ao correr de um T-Rex de salto alto. Boa sacada de Bayona.

Jurassic World: Reino Ameaçado é divertido, repleto de ação e muito tenso. O longa tem um desfecho bastante interessante que nos deixa curiosos para saber como será aproveitado em uma futura sequência. E que venha mais filmes desse universo jurássico, afinal de contas, sempre é bom ver um T-Rex rugir na telona.

Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018. Direção: J. A. Bayona. Com: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, Justice Smith, Daniella Pineda, James Cromwell, Toby Jones, Jeff Goldblum, BD Wong, Isabella Sermon. 128 Min. Ação.

Cinema: Um Lugar Silencioso

Sem dúvidas esta década em que vivemos mostra uma ótima fase dos filmes de terror. James Wan entregou os excelentes Invocação do Mal (2013) e Invocação do Mal 2 (2016), M. Night Shyamalan fez o ótimo A Visita (2015) e o espetacular Fragmentado em (2017), e ainda tivemos a surpresa Corrente do Mal (2014) e o arrebatador A Bruxa (2015). Acompanhando o bonde, Um Lugar Silencioso trabalha com elementos que definem a sua narrativa e se transforma em um dos melhores filmes do ano.

O filme é dirigido por John Krasinski (sim o Jim Halpert de The Office!). Além de dirigir, John protagoniza o filme ao lado da sua esposa na vida real e aqui no filme, Emily Blunt. A proposta do filme é simples e fácil de se entender. O mundo vive uma distopia, onde seres de outros planetas invadiram a Terra e acabaram com quase tudo em apenas 89 dias. Esses seres são cegos, porém, têm a audição muito aguçada e eles caçam e destroem a presa que fizer barulho rapidamente. É nessa atmosfera que acompanhamos o casal Lee Abbott (John Krasinski) e Evelyn Abbott (Emily Blunt), acompanhados dos filhos Regan Abbott (Millicent Simmonds, surda e muda no filme e na vida real) e Marcus Abbott (Noah Jupe) na luta pela sobrevivência.

É difícil enumerar todas as qualidades de Um Lugar Silencioso. Para começar o filme trabalha muito bem o silêncio. Em boa parte da sua primeira metade, podemos dizer até que é um filme mudo. A trilha sonora de Marco Beltrami aparece, mas não a ponto de ser chamativa, na verdade ela auxilia o silêncio dos personagens, cobrindo a ausência de diálogos. É uma trilha pontual que sempre aparece no momento certo filme.

A mixagem de som do filme é perfeita. Quando objetos precisam fazer barulhos, esse som é mais elevado, incomodando quem está assistindo, assim como incomoda os personagens, que precisam viver em silêncio. O som é tão bem trabalhado no filme e a direção de John Krasinski é tão segura que é interessante quando, por exemplo, estamos ouvindo o barulho do ser alienígena e de repente a câmera corta para a personagem de Regan e o som desaparece. Como ela não escuta, estamos vendo o perigo a partir dela, ou seja, sua reação é a partir do que os outros personagens estão demonstrando. A mixagem de som trabalha muito bem essa parte de um escuta e o outro não escuta.

A fotografia de Charlotte Bruus é impecável e nesse filme é muito importante que fosse. Na ausência de diálogos, os nossos olhos ficam aguçados. O filme trabalha muito com planos que retratam a expressão no rosto dos personagens o que auxiliado com a acústica do som, faz com que não saibamos de onde o monstro está vindo. As cenas noturnas, misturadas com uma coloração vermelha da um charme ao filme, ao mesmo tempo em que sabemos que o vermelho no longa, também significa perigo.

O começo do filme é lento para entendermos o que está se passando. Os personagens não explicam nada, vamos montando as peças através de recortes de jornais que encontramos, mas o interessante do filme é que desde o início já sentimos o sentido de alerta. O roteiro cheio de conflitos é assinado por Bryan Woods, Scott Beck e também John Krasinski.

Uma das grandes surpresas do filme é a direção de John Krasinski. Ele que dirigiu três episódios de The Office, já tinha feito a sua estreia na direção de um longa em 2016, com Família Hollar, porém, aqui podemos dizer que ele fica conhecido como diretor, pois o filme está sendo aclamado pela crítica e fazendo um bom dinheiro por onde está passando. John entrega uma direção segura, tem o controle dos personagens nas mãos e sabe a todo momento o resultado que quer dar para seu filme. Um trabalho totalmente diferente do que geralmente ele faz que é mais voltado pra comédia, mas que nos deixa animado para ver mais coisas feitas por ele.

Apesar do filme também ser protagonizado por ele, o longa é dela, Emily Blunt. Ela está impecável e entrega uma atuação comovente. Sua personagem está vivendo um momento que ela precisa sentir mil coisas e mesmo assim ela precisa ficar em silêncio. É angustiante, e a cena da banheira reflete como ela é uma atriz talentosa. Sua personagem mostra aquele espírito que as mães têm: o de proteção; a todo o momento ela nos passa esse espírito. Já John Krasinski é aquele pai que tem o espírito da sobrevivência, por isso ele precisa ensinar aos filhos como sobreviver nesse mundo.

O final poderoso que possui Um Lugar Silencioso vem para coroar uma produção que foi feita com bastante cuidado e zelo por John Krasinski. Um filme para ser visto, apreciado e sentido no cinema.

A Quiet Place, 2018. Direção: John Krasinski. Com: Emily Blunt, John Krasinski, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Cade Woodward. 90 Min. Terror.

Cinema: Círculo de Fogo – A Revolta

Em 2013 Guillermo del Toro criou um filme que virou um presente para os nerds de todo o mundo. Círculo de Fogo é reverenciado até hoje pelo conceito criado por del Toro e pela forma criativa e inteligente que o diretor deu à sua criação. Escrito e dirigido pelo cineasta, o primeiro filme trouxe aquele espírito de cinemão pipoca, porém, com conteúdo. Nesta continuação, del Toro entra apenas como produtor, e isso fez muita diferença para o resultado final do filme.

Círculo de Fogo: A Revolta acompanha Jake Pentecost (John Boyega) filho de Stacker Pentecost (Idris Elba), que no primeiro filme era o responsável pelo programa Jaeger. Jake não seguiu bem os passos do pai, abandonou o treinamento e entrou no mundo do crime, atuando no mercado negro vendendo peças de robôs abandonadas. Após uma perseguição, ele encontra a jovem Amara (Cailee Spaeny) que construiu um Jaeger pirata. Eles acabam sendo capturados, e para evitar a prisão, eles acabam entrando no programa Jaeger.

Ocupado na produção do filme que lhe rendeu o Oscar, A Forma da Água, Guillermo del Toro sai da criação e direção para dar lugar a Steven S. DeKnight, que faz a sua estreia na direção de um filme. E o grande problema do filme se encontra no roteiro, na criação, pois, tudo o que del Toro criou no primeiro filme, é esquecido e jogado no ralo. Todo o conceito criado por ele dos Jaeger aqui não é utilizado, e a verossimilhança que del Toro utilizou aqui é trocada por uma aventura fraca, sem um pingo de inteligência, que acaba dando prioridade a destruição.

Aqui os Jaegers são mais rápidos, conseguem fazer acrobacias. O conceito de movimentos lentos que del Toro empregou, nem de longe é utilizado no longa. Del Toro se preocupa com as suas criações, e empregou o fato da lentidão, porque os Jaegers são grandes e pesados. Ele deu alma as suas criações. Aqui na continuação, Steven S. DeKnight não quis nem saber, e acabou trocando o peso e a cadência que del Toro empregou por velocidade e agilidade. Com isso, as sequências de ação lembram muito mais os filmes da franquia Transformers, do que o próprio Círculo de Fogo. O roteiro também falha feio quando encontra uma solução em seu final, que podemos classificar de, no mínimo, “absurda”. Sem falar que a montagem do filme também é falha, principalmente nessa parte final. O que acontece, pode se dizer que, é até um desrespeito a inteligência de quem está assistindo. Apesar disso tudo, o filme consegue divertir em alguns momentos, mas o principal problema é porque não temos como não comparar com o primeiro filme, e quando fazemos essa comparação, os erros são gritantes.

O filme acerta em escalar John Boyega, é um ator do momento e tem cara de filme de ação, mesmo que ele não chegue nem perto do papel de Idris Elba no primeiro filme. Porém, John tem muita química com a melhor coisa do filme, que com certeza é Cailee Spaeny. Carismática, ela se mostra muito talentosa e se destaca em um elenco que é quase todo descartável. Scott Eastwood, que vive Nate Lambert, em certo momento do filme chegamos a nos perguntar se realmente é necessário o personagem dele. O diretor tenta criar uma rivalidade entre o seu personagem e o de Jake, porém, rapidamente essa rivalidade é descartada. Três personagens retornam do primeiro Círculo de Fogo. Rinko Kikuchi volta com a personagem Mako Mori, porém, fica pouco tempo em tela. Burn Gorman que vive o Dr. Hermann Gottlieb está bem no filme, o mesmo não se pode dizer da volta de Charlie Day, na pele do Dr. Newton Geiszier. Charlie Day está péssimo no filme, longe de convencer alguém como um vilão. Tirando isso, o filme tem mais meia dúzia de personagens jovens, que estão sendo preparados para pilotarem Jaegers, na qual a existência deles é apenas para justificar a pancadaria e a destruição de Tóquio na parte final do filme.

A trilha sonora também está deslocada no filme. Enquanto no primeiro filme a trilha de Ramin Djawadi deixava você todo no clima dos personagens e da ação que estava por vir, a trilha desta continuação de John Paesano não acerta.

Círculo de Fogo: A Revolta chega a ser divertido, mesmo com absurdos no roteiro e personagens totalmente sem importância alguma. Mas passa longe de ficar no imaginário, como o primeiro filme de del Toro. Um filme esquecível, uma pena.

Pacific Rim: Uprising, 2018. Direção: Steven S. DeKnight. Com: John Boyega, Scott Eastwood, Cailee Spaeny, Burn Gorman, Charlie Day, Tian Jing, Rinko Kikuchi, Karan Brar, Wesley Wong, Ivanna Sakhno, Lily Ji. 111 Min. Ação.