Cinema: Laranja Mecânica

Insanidade, loucura e tratamentos são abordados por Kubrick em Laranja Mecânica.

Insanidade, loucura e tratamentos são abordados por Kubrick em Laranja Mecânica.

Não há como negar, Laranja Mecânica é um dos maiores clássicos que o cinema já produziu. Isso se comprova ao assistirmos ao filme mais de 40 anos depois do seu lançamento e perceber que ele continua forte e impecável.

Dirigido por Stanley Kubrick e baseado na obra de Anthony Burgess, Laranja Mecânica nos apresenta a Alexsander DeLarge, um jovem bonito, inteligente, charmoso e acima de tudo: um monstro.

No filme Alexsander DeLarge, ou apenas Alex, é um delinquente juvenil que é líder de uma gangue no qual ele chama de “drugues”. Os drugues gostam de invadir casas, violentar seus moradores e também tocar o terror pelas ruas. Até que um dia, em um desses ataques, Alex é traído por sua gangue e acaba preso. Na prisão, depois de certo tempo, ele decide participar voluntariamente do Tratamento Ludovico, que consiste em uma terapia de aversão que lhe arrancará os instintos violentos. Mas Alex não sabia que este mesmo tratamento o deixaria totalmente indefeso para a violência ao seu redor. A pergunta que fica no ar é: Será que arrancar o mal de um personagem e deixá-lo totalmente indefeso não seria algo tão macabro como as próprias ações de Alex?

O ato de Alex ser quem ele é, um sujeito de mente diabólica, pode se dar ao fato de que ele nasceu em um lugar assim. Logo no início do filme, Alex e os drugues atacam um mendigo e o mesmo fala: “um mundo fedorento onde não existe mais lei e ordem“. Os ataques dos drugues aos lares são os mais terríveis devido ao teor macabro das cenas. Seja em um spa onde Alex acaba matando a dona do local (local onde ele foi traído pelos drugues e preso); e antes disso o ataque à casa de um escritor.

É nessa cena, na casa do escritor, que observamos o quanto Alex e sua gangue são doentios. Kubrick mostra um Alexsander DeLarge usando a sua “ultraviolência” atacando uma casa e em seguida estuprando a mulher do escritor, enquanto ele canta “I’m Singing in the rain…” A cena e a música mostram o quanto o personagem é um ser totalmente louco e sem limites.

Stanley Kubrick encontrou em Malcolm McDowell o Alexsander DeLarge perfeito. McDowell nos entrega uma atuação inspiradora, nos mostrando um sujeito doentio quando tem que ser e dúbio quando precisa. Difícil imaginar até outro ator fazendo este papel.

Kubrick também nos entrega uma de suas melhores direções. Utilizando ângulos de câmeras perfeitos, o diretor também utiliza a música para chocar. Em especial as músicas de Bethoven.

A narrativa do filme também é um ponto forte, já que o próprio Alex narra a sua história. Inclusive sua última fala no longa é dizer “que finalmente está curado“. Será que essa frase significa que ele está curado de fazer o mal? Ou o Tratamento Ludovico não funcionou como deveria, e depois de certo tempo indefeso, Alex voltou a ser o que era? Kubrick deixou que nós escolhêssemos a resposta.

Nota 10

A Clockwork Orange, 1971. Direção: Stanley Kubrick. Com: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates, Warren Clarke, John Clive, Adrienne Corri, Carl Duering, Paul Farrell, Clive Francis, Michael Gover. 136 Min. Drama.

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Cinema: RoboCop

Ação... e drama pessoais. Essa é a alma do RoboCop de José Padilha.

Ação… e drama pessoais. Essa é a alma do RoboCop de José Padilha.

Eis que renasce mais uma franquia, o RoboCop de José Padilha tem tudo para ser o marco de renascimento do personagem, neste reboot temos ação, emoção, política, e o que não pode faltar, entretenimento de qualidade. José Padilha conseguiu deixar a marca de sua direção durante todo o filme, as cenas de ação são muito bem construídas e da mesma forma desenvolvidas na tela, tudo tem uma justificativa de acontecer, não existe um único tiro em 117 minutos de projeção que seja dado sem motivos. A premissa do filme, apesar de ser conhecida do grande público, aqui sobre a batuta de Padilha, é explorada por diversos ângulos, dando destaque aos sentimentos pessoais de Alex Murphy (Joel Kinnaman) e toda a adaptação pela qual o personagem terá que passar pós- atentado. O filme, apesar de se passar no ano não tão longínquo de 2028, é capaz de levar ao público questionamentos bem atuais sobre as forças militares que combatem o crime, sobre a forma como as policias trabalham, e principalmente sobre a corrupção dentro das corporações, de brinde ainda podemos ver uma crítica ao poder da mídia sobre a população nas ruas. Mas, a meu ver, a grande sacada deste filme foi não menosprezar a “passagem” de Alex Murphy de sua vida normal para transforma-se em RoboCop, Padilha fez um filme inteiro sobre como o homem normal pode transforma-se em um herói, todos os questionamentos que qualquer um de nós teríamos, Alex tem, e são apresentados no filme. Ainda podemos contar com um elenco de peso neste filme, a começar pelo sempre competente Gary Oldman que dá vida ao Dr. Dennett Norton, responsável pela criação do RoboCop, e figura de grande importância no desenrolar da história. Michael Keaton é Raymond Sellars, o ambicioso CEO da OmniCorp e que apenas vê no personagem principal uma oportunidade de lucrar. Completa o elenco Samuel L. Jackson como Patrick “Pat” Novak, Abbie Cornish, que vive a esposa do policial Alex Murphy e Jackie Earle Haley. É sempre bom ver uma nova franquia surgir, ou no caso, ressurgir. Que venham muitos outros RoboCop’s e que a alma que Padilha plantou neste filme, esteja sempre presente em todos os demais filmes que vierem pela frente.

Nota 8-5

RoboCop, 2014. Direção: José Padilha. Com: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton, Abbie Cornish, Jackie Earle Haley, Michael K. Williams, Jennifer Ehle, Jay Baruchel, Marianne Jean-Baptiste, Samuel L. Jackson. 117 Min. Ação

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ass_nayara

Cinema: Sem Escalas

Herói: Liam Neeson salva o dia, em um voo.

Herói: Liam Neeson salva o dia, em um voo.

Chega aos cinemas o mais novo thriller de ação estrelado por Liam Neeson. Dessa vez a história se passa durante um voo e tem como plano de fundo toda a paranoia americana depois dos atentados terroristas de 11 de setembro.

Observe o início do filme, dando ênfase em alguns personagens: um árabe barbudo, um negro, um policial… enfim, temos um foco até em uma das aeromoças, e assim temos os nossos “suspeitos”, já que mortes começarão a acontecer.

Liam Neeson vive no filme um agente de segurança aérea, e assim é quem está à caça do assassino. O filme também trata de colocá-lo como suspeito, já que algumas evidências apontam para ele e o fato de ser alcoólatra não o ajuda muito. O diretor Jaume Collet-Serra utiliza muito bem a tecnologia nos dias de hoje para colocar medo durante o voo. O personagem de Liam Nesson recebe mensagens em seu celular do assassino  dizendo para depositar uma certa quantia em uma conta, caso contrário alguém morrerá a cada 20 minutos.

Outro acerto do diretor é utilizar a claustrofobia para nos transportar para dentro do filme. Praticamente todo o filme se passa dentro do avião. Tirando o final, o que temos de fora do avião são os telefonemas de negociação do personagem de Liam Neeson e transmissão de jornais que passam nas poltronas. O clima de tensão é tão grande que você se sente dentro do avião,  assim passando por todo o desespero dos passageiros. Será fácil você passar quase toda a sessão com o coração na mão, tamanha é a sensação de pânico e medo que o filme te traz.

Liam Neeson passa a credibilidade necessária para torcermos por ele. Apesar de que, em certa parte do filme, ficamos suspeitando da sanidade do seu personagem. Fora isso, o diretor conduz a narrativa por meio da tecnologia, enquanto utiliza câmeras e efeitos para dar ação ao filme. Se você for atento, notará que muitas vezes a física foi completamente ignorada no filme. Mas nada que vá estragar o filme.

O final deixa um pouco a desejar. Talvez a maneira rápida, ou porque não dizer “simples” demais para solucionar os crimes, dão a impressão de que os roteiristas não quiseram pensar muito em um final mais elaborado. Mas o final simples não comprometerá toda a experiência que o filme traz ao público.

Um filme que traz a imagem do herói desacreditado e solitário, brincando com clichês de filmes de ação e com a paranoia do pensamento americano. Liam Neeson acerta mais uma vez, em mostrar um filme bem bacana para o público.

Nota 8-5

Non-Stop, 2014. Direção: Jaume Collet-Serra. Com: Liam Neeson, Julianne Moore, Scoot McNairy, Michelle Dockery, Lupita Nyong’o, Shea Whigham. 106 Min. Ação.

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ass_nayara

Cinema: Ela

Ela: Futuro mostrado por Spike Jonze mistura solidão com tecnologia.

Ela: Futuro mostrado por Spike Jonze mistura solidão com tecnologia.

Vivemos em uma época em que a tecnologia domina tudo ao nosso redor. Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter são algumas das ferramentas usadas por todos hoje em dia, e porque não dizer que é difícil você ficar “desconectado” atualmente. Partindo da premissa tecnológica, o diretor e roteirista, Spike Jonze teve a ideia do roteiro de Ela.

O filme conta a história do escritor Theodore (Joaquin Phoenix), um rapaz solitário que acaba de comprar um novo sistema operacional. O programa interage com o usuário, e para a surpresa de Theodore, e de todos, ele acaba se apaixonando pela voz do programa (Scarlett Johansson), assim se inicia uma relação amorosa entre ambos.

O filme de Spike Jonze deve ser observado com muito cuidado, para não perder nenhum detalhe. O diretor mergulha de maneira visceral em seu protagonista e assim o coloca em vários conflitos afetivos e de certa forma moral, que uma história de amor desse tipo poderia criar. O roteiro completo de Jonze explora vários temas como sexo, ciúmes e a distância entre casais. O diretor não se preocupa em dar uma posição sobre o tema, ele apenas nos mostra a que ponto um ser humano poderia chegar ao meio de tanta tecnologia. Note que muitas vezes durante o filme, o personagem de Joaquin Phoenix diz que namora um sistema operacional, e as pessoas agem com extrema normalidade. Como se fosse uma coisa muito comum.

Ela tem uma direção de arte incrível, com figurinos que vão à contra mão da tecnologia. Roupas da década de 60 dão todo um clima charmoso a produção. O cenário também não nos dá nenhuma localidade exata, só vemos prédios gigantes, arranha-céus que poderia ser em qualquer cidade. Com isso, Jonze mostra que esse tipo de situação poderia muito bem acontecer mais perto de nós do que imaginamos.

É interessante analisar o futuro imaginado pelo diretor. Um futuro solitário, melancólico, triste, no qual a tecnologia é utilizada para preencher os meios de se encontrar o amor, ou jogar vídeo game sozinho, como Theodore faz. Para se ter uma ideia, nem cartas pessoais as pessoas escrevem mais, já que Theodore trabalha escrevendo esses tipos de cartas.

O filme conta com um Joaquin Phoenix inspirado, criando momentos marcantes ao longo do filme. É difícil não torcer por um final feliz para o nosso querido Theodore. Scarlett Johansson prova que a voz é fundamental para a atuação, incrível como a sua Samantha evolui ao longo do filme, e por muitas vezes esquecemos que ela é apenas um sistema operacional. Nada contra a dublagem, mas é de extrema importância que Ela seja visto em sua versão original. Sem dúvida a absorção na história será melhor ainda.

Uma história de amor diferente… Mas nem tanto. Substitua o sistema operacional vivido por Johansson e troque por uma mulher, e assim tem uma história de amor como a conhecemos. Filme muito bonito com um roteiro genial de Spike Jonze e uma trilha sonora formidável com toda a história… Difícil não se apaixonar por Ela.

Nota 9

Her, 2013. Direção: Spike Jonze. Com: Joaquin Phoenix, Chris Pratt, Rooney Mara, Amy Adams, Scarlett Johansson, Kristen Wiig. 126 Min. Drama.

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Cinema: As Aventuras de Peabody e Sherman

Diversão e viagens no tempo no novo filme da Dreamworks.

Diversão e viagens no tempo no novo filme da Dreamworks.

“Se uma criança pode adotar um cachorro, um cachorro também pode adotar uma criança”. Esse é o pontapé inicial do novo filme da Dreamworks. E engana-se quem pensa que os personagens são totalmente desconhecidos. Peabody e Sherman saíram da série de desenhos animados da década de 60 As Aventuras de Alceu e Dentinho, ganhando assim o seu próprio filme.

O simpático filme nos apresenta Peabody, um dos seres mais inteligentes do mundo. Vencedor do prêmio Nobel e de muitas outras conquistas. O fato estranho é que ele é um cachorro. Até que um dia, ele encontra um bebê abandonado na rua e resolve adotá-lo.

Apesar de ser um Cão, Peabody é um pai muito, mas muito dedicado. Inteligente ao extremo, ele constrói uma máquina do tempo e viaja com seu filho Sherman para os momentos mais importantes do passado, passando assim incríveis lições de tudo o que já aconteceu de importante no mundo ao pequeno garoto.

É nessas viagens no tempo que está à faca de dois gumes de As Aventuras de Peabody e Sherman. Os mais novos podem ficar literalmente boiando ao ver histórias do antigo Egito, Leonardo da Vinci, George Washington, Maria Antonieta e muitas outras figuras históricas que aparecem, ao mesmo tempo em que isso pode ser muito bom e despertar nos mais novos a curiosidade e procurar saber mais sobre essas personalidades. Neste filme bastante educativo, o certo é que as crianças vão se divertir aprendendo um pouco mais.

O roteiro do filme brinca muito com as personalidades antigas, mas tudo feito na medida pra divertir a criançada e os adultos também. Impossível não rir durante as cenas da esfinge e do cavalo de Tróia. Outro ponto interessante é analisar a homenagem do filme a De Volta Para o Futuro, afinal com tantas viagens, isso fica perceptível.

O filme é dirigido por Rob Minkoff, diretor de um dos maiores clássicos da Disney, O Rei Leão. O que torna um atrativo a mais acompanhar esse filme, pois é a volta dele dirigindo animações, 20 anos depois de entregar ao mundo Simba e companhia.

As Aventuras de Peabody e Sherman mostra que a Dreamworks não está de olho apenas em continuações como Kung Fu Panda ou Madagascar. Com uma animação de humor inteligente, o filme vai conquistar crianças e adultos, em um estalar de dedos, como se fôssemos hipnotizados por Peabody.

Nota 8

Mr.  Peabody & Sherman, 2014. Direção: Rob Minkoff. Com as vozes originais de: Ty Burrell, Max Charles, Lauri Fraser, Ariel Winter, Allison Janney, Leslie Mann, Stanley Tucci, Mel Brooks, Karan Brar, Joshua Rush. 92 Min. Animação.

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Cinema: Frozen – Uma Aventura Congelante

Frozen - Uma Aventura Congelante

Frozen: Encanto e magia como a muito tempo não se via na Disney.

A Disney comprova que ainda tem muita magia para mostrar nos cinemas. Seja com seus clássicos antigos como O Rei Leão, A Bela e a Fera, A Pequena Sereia, entre outros ou com o mais recente filme, Enrolados. A sua nova aposta nas telonas é Frozen: Uma Aventura Congelante, um filme repleto de magia, que brinca com clichês de conto de fadas, dando assim um ar todo especial à bela história.

Logo de cara somos apresentados às irmãs Elsa e Anna que se amavam muito, porém, por conta de um dom que uma das irmãs possui, elas precisam crescer separadas. Alguns anos depois, Elsa se torna rainha, mas no dia da sua coroação um acidente devido ao seu dom acaba fazendo com que ela se isole de todos. E assim, a jovem princesa Anna parte em sua jornada para encontrar e convencer Elsa a retornar para a Arendell e assim acabar com o frio eterno que o dom de Elsa causou.

Um dos grandes acertos do filme é ter personagens interessantes e que contribuem ricamente para a história. Além de Elsa e Anna, o filme conta com Trolls que são pedras falantes, Kristoff que trabalha vendendo gelo, o alce Sven, o Princípe Hans e o personagem Olaf, um boneco de gelo que adora abraços quentinhos e que é impossível você não se derreter por ele, com o seu jeito meigo e dócil de lhe dar com as situações. Na versão brasileira, Olaf é dublado por Fábio Porchat, que deixou sua voz perfeita no personagem.

Animações da Disney são um prato cheio para trilhas sonoras. E aqui não é diferente. A trilha composta por Christophe Beck é feita na medida certa para fazer rir quando precisa e emocionar quando necessário. É impossível você não se pegar lacrimejando ou até mesmo chorando durante a sessão. Filmes da Disney são especialistas nisso, e Frozen não é diferente. Temas como “Quer brincar na neve?”, “Uma vez na eternidade” e “Livre Estou” (“Let it Go”), que inclusive ganhou o Oscar de Melhor Canção Original, são para te levar para dentro da história de uma maneira arrebatadora. Impecável. “Let it Go” mostra um poder incrível de combinação com a trama do filme, algo semelhante a “Hakuna Matata” em O Rei Leão.

O roteiro do filme brinca com clichês dos próprios contos de fadas da Disney. Será que aqui o beijo resolverá tudo? Bem, o que posso dizer é que é inacreditável e incrível o modo como o final acontece.

Visualmente lindo e tecnicamente perfeito. Assim é Frozen: Uma Aventura Congelante, um filme para rir, emocionar, chorar… Enfim, para fazer você se sentir mais humano, como a maioria das histórias Disney.

Nota 10

Frozen, 2013. Direção: Chris Buck e Jennifer Lee. Com as vozes originais de: Kristen Bell, Idina Menzel, Jonathan Groff, Josh Gad, Santino Fontana, Alan Tudyk, Ciarán Hinds, Chris Williams. 102 Min. Animação.

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Cinema: A Menina Que Roubava Livros

Inocência e Amizade retratadas na época do Nazismo.

Inocência e Amizade retratadas na época do Nazismo.

Cativante, emocionante, bonito. Essas são algumas das qualidades de A Menina Que Roubava Livros, filme dirigido por Brian Percival, baseado na obra literária de Markus Zusak.

O longa conta a história da pequena Liesel Meminger, uma garota que vive com os pais adotivos na Alemanha, em plena Segunda Guerra Mundial. A menina tem o hábito de roubar livros para ler para Max, um judeu que se esconde em sua casa.

Um elemento interessante do filme (assim como no livro) é a sua estrutura narrativa. É diferente acompanhar um filme narrado pela morte. Fora isso, o filme tem grande potencial na relação dos amigos Liesel (Sophie Nélisse) e Rudy (Nico Liersch). Liesel, linda e encantadora, é o motor do filme e nos emociona quando precisa. Nico é carismático e é impossível não comprar a história do garotinho que é completamente apaixonado pela personagem de Sophia desde o primeiro momento que a viu. O filme ainda conta com os sempre ótimos Geoffrey Rush e Emily Watson, que fazem os pais adotivos de Liesel, com atuações na medida, não precisam fazer muito trabalho para emocionar o público em certos momentos.

O clima do filme, em alguns momentos, é bem tenso. Por se passar na Segunda Guerra Mundial, é difícil não ver com outros olhos cenas pesadas em que temos bandeiras do nazismo sendo hasteadas, ou mesmo em uma das cenas mais fortes, onde o povo e as crianças cantam um hino com os alemães. Cenas retratadas de um passado um pouco distante, porém não menos amedrontador.

O filme conta com uma direção de arte bem mediana. Alguns cenários parecem bem artificiais, não retratando com muita veracidade as localidades. Por outro lado, figurino e trilha estão à altura do que a história necessita.

Apesar do clima escuro e pesado, A Menina Que Roubava Livros está longe de ser um clássico como A Lista de Schindler. Com a mesma pegada de O Menino do Pijama Listrado, é difícil não se emocionar com esta bela surpresa de início de ano nos cinemas.

Nota 8

The Book Thief, 2013. Direção: Brian Percival. Com: Sophie Nélisse, Geoffrey Rush, Emily Watson, Nico Liersch, Roger Allam, Kirsten Block, Heike Makatsch. 131 Min. Drama.

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